Para chegar à identificação das sete megatendências, o trabalho desenvolvido ao longo de mais de um ano, se baseou em sinais e tendências apontados por diferentes setores da sociedade, incluindo atores das cadeias produtivas agrícolas, segmentos da iniciativa privada, do terceiro setor e de outras organizações públicas. Internamente, estudos realizados no âmbito do Sistema Agropensa, da carteira de projetos e do programa de cooperação internacional da Empresa (Laboratórios Virtuais no Exterior – Labex) forneceram os subsídios para as contribuições e análises de pesquisadores e especialistas que atuam nos mais de 40 centros de pesquisa da Embrapa no País.Impactos, cenários e megatendências: as projeções da pesquisa agropecuária para um futuro sustentávelO Sistema Agropensa da Embrapa vem trabalhando há anos com a análise e a projeção de cenários sobre a evolução e o futuro da agropecuária no Brasil e no mundo. Tendo em vista os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pelas Nações Unidas, o documento lançado este ano – “Visão 2030: o futuro da agricultura brasileira” – dá continuidade às análises e prospecções futuras consolidadas em duas outras publicações anteriores: “O Futuro do Desenvolvimento Tecnológico da Agricultura Brasileira” (2014), e “Cenários exploratórios para o desenvolvimento tecnológico da agricultura brasileira” (2016).No primeiro estudo foram indicados os cinco eixos de impacto para orientar a atuação futura da Embrapa. No segundo, identificou-se quatro possíveis cenários para a evolução da agricultura do Brasil a médio e a longo prazo. Dialogando com essas prospecções de forma inovadora, esse terceiro estudo aponta sete megatendências delineadas por aspectos científicos, tecnológicos, socioeconômicos, ambientais e mercadológicos emergentes. “Tratam-se de indicadores de forças que se formam de maneira lenta, mas geram consequências que perduram por um longo prazo na agricultura”, explica Edson Bolfe.Além de explorar aspectos específicos que levaram à percepção das sete megatendências, na publicação lançada agora, em 2018, são identificados os grandes desafios delas derivados. “A partir desses desafios foram feitas análises sobre como poderá ser a agricultura brasileira nos próximos anos. O objetivo é que as análises geradas contribuam para a tomada de decisões estratégicas da Embrapa e parceiros públicos e privados e para o maior desenvolvimento social, econômico e ambiental do Brasil”, finaliza Bolfe.A trajetória e o atual posicionamento da agricultura brasileira frente às tendências e sinais forneceram as premissas para a condução das análises das megatendências. Entre elas, destacam-se o fato de que o Brasil continuará figurando entre os principais protagonistas mundiais na produção e no comércio de grãos e carnes nos próximos anos e a constatação de que a tecnologia foi responsável pelo alcance dessa posição e continuará funcionando como um vetor transformador.Contribuições da ciência frente aos desafiosSoluções apresentadas recentemente pela Embrapa indicam que a empresa já vem atuando no sentido de responder a alguns das dezenas de desafios apontados pelo estudo. O Sistema de Inteligência Territorial Estratégica da Macrologística Agropecuária Brasileira (www.embrapa.br/macrologistica), lançado em março, atende, por exemplo, ao desafio de “Ampliar o uso da inteligência territorial estratégica em ações de governança e gestão pública e privada das cadeias produtivas da agricultura”, apontado pelas análises relacionadas à megatendência “Mudanças socioeconômicas e espaciais na agricultura”.Sistemas de produção intensivos e sustentáveis, soluções resultantes da pesquisa e técnicas que dispensam o uso de insumos químicos integram o conjunto de soluções que fazem frente a desafios impostos pela megatendência “Intensificação e sustentabilidade dos sistemas de produção agrícolas”.Nesse sentido, um dos principais exemplos de sistemas de produção intensivos e sustentáveis é o de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), implantado, atualmente, em diferentes combinações, em mais de 11 milhões de hectares no Brasil. Com o audacioso objetivo de chegar a 1 milhão de hectares em 2030, a Rede ILPF constituída em 2012 pela Embrapa e quatro parceiros (Cocamar, John Deere, Soesp, Syngenta), foi transformada em março em Associação, mudança de status marcada pela adesão de dois novos integrantes: a SOS Mata Atlântica e o Bradesco. Com foco na internacionalização, na agregação de valor por meio da certificação e na inovação, a agora Associação Rede ILPF continuará o trabalho de transferência de tecnologia, capacitação de assistência técnica e de comunicação, buscando aperfeiçoá-lo.Com foco na mitigação dos efeitos da mudança do clima, uma ferramenta criada pela Embrapa é a Plataforma ABC, que tem como missão articular ações multi-institucionais de monitoramento da redução das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) dos setores da agropecuária brasileira, sobretudo as reduções derivadas das ações previstas e em execução pelo Plano agricultura de baixa emissão de carbono – Plano ABC).Fonte: Embrapa